terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Ser Portuguesa aos 22

Tenho pensado nisto ultimamente, nisto de ser Portuguesa.
Se é bom ou mau. Se por um lado tenho tanta vergonha em o ser, se calhar tenho muita sorte.
Mas se antes gostava muito do meu país, de viver cá, hoje já não gosto.
Não gosto que cultivem esperança nos jovens e lhes cortem as asas antes de levantarem voô. Que me digam para emigrar, mas que o interior precisa de gente nova. Que não me deixem prosseguir com a minha investigação de final de curso, mas que os Portugueses são dos melhores investigadores que este Mundo tem. Que o Inglês seja obrigatório, não com o intuito primário de educar, mas de educar para que saibam falar outra língua e ter maior facilidade na emigração. Mas precisamos de jovens. Que se preze a construção de um estádio de futebol ao aumento de estruturas hospitalares. Que este país não conheça o significado da prevenção e prefira apostar no tratamento - de alguma forma acham que lhes traz mais fundos.
Não gosto de pensar que um dia, daqui a 40 anos, posso estar na situação da maioria dos nossos reformados, com uma reforma de 100 e poucos euros, direccionada quase inteiramente para medicamentos que precise, depois de anos e anos a contribuir para as despesas de um estado que preferiu gastar os meus trocos na promoção do turismo, ou do futebol, que na saúde e educação do seu povo. Ou sozinha, com os meus filhos a km de distância - porque para viverem, (e falo em viver, não sobreviver), foram obrigados a sair deste país, para um país que embora não os tenha gerado, abraçou-os o máximo que conseguiu.

Porque infelizmente, temos esta pequena mente, de que para sermos grandes, temos que mostrar primeiro aos outros que o somos.

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